terça-feira, 29 de abril de 2014

Falsas Promessas aos Imigrantes Alemães



Atraídos por falsas promessas do Império brasileiro, os alemães criaram, à sua maneira, um ambiente propício para se desenvolverem no país.
A história da imigração alemã para o Brasil começou em 1822, quando o major Jorge Antonio Schaffer foi enviado por Dom Pedro I para a corte de Viena e demais cortes alemãs com o objetivo de angariar colonos. Outro motivo era conseguir soldados para o Corpo de Estrangeiros, situado no Rio de Janeiro. “Ao proclamar a independência do Brasil, Dom Pedro deparou com o seguinte problema: a falta de defesa da capital, o Rio de Janeiro, já que Portugal tinha levado embora todos os soldados”, conta o historiador Telmo Lauro Müller, diretor do Museu da Imigração, em São Leopoldo, e um dos grandes conhecedores da história da imigração alemã para o Brasil.
Müller diz que outra preocupação que havia na época era evitar que mais escravos fossem trazidos ao país, pois o número destes já se igualava ao de não-escravos, podendo representar perigo para o status quo.
Dom Pedro preocupava-se em povoar o Rio Grande do Sul com pessoas que soubessem trabalhar na terra.
Em seus primeiros anos de trabalho, Schaffer convocou principalmente soldados e alguns colonos; mas, à medida que o Império brasileiro foi estabilizando-se, passou, efetivamente, a se preocupar em trazer mais colonos. Para isso, anunciava aos interessados que, aqui, eles receberiam 50 hectares de terra, juntamente com vacas, bois e cavalos; auxílio de um franco por pessoa no primeiro ano e de cinqüenta cêntimos no segundo; isenção de impostos e serviços nos primeiros dez anos; liberação do serviço militar; nacionalização imediata; e liberdade de culto.
Daquilo que foi oferecido, ao menos a primeira promessa superou as expectativas: em vez de 50, os colonos receberam, no início, 77 hectares. Já as duas últimas nunca poderiam ser cumpridas, pois contrariavam a Constituição brasileira. “Os imigrantes trouxeram uma nova língua, uma nova cultura, uma nova economia e uma nova religião, a evangélica luterana”, diz Müller. “A promessa de liberdade religiosa foi quebrada, mas a Constituição imperial, em seu artigo quinto, dizia que outras religiões seriam toleradas, desde que praticadas em casas que não tivessem aparência de templo, ou seja, não podiam ter cruzes, sinos ou algo que as caracterizasse como igrejas. Então, eles se reuniam em galpões”, conta.
Das outras promessas, algumas também não foram cumpridas integralmente. Mas o que interessava realmente aos colonos era a posse da terra, e isso, ao menos, eles obtiveram, ainda que à custa de grandes sacrifícios.
“As viagens para o Brasil eram verdadeiras tragédias. Quando eram muito boas, duravam dois meses. Mas muita gente viajou três, quatro meses ou até mais”, conta Müller. O historiador esclarece que os primeiros imigrantes desembarcaram no Rio de Janeiro e foram recebidos pelo casal imperial, já que Leopoldina era uma princesa germânica, filha de Francisco II, último imperador do Sacro-império Romano Germânico, outro motivo para Dom Pedro ir buscar imigrantes naquela região.

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